Autor: Neal Shusterman
Editora: Valentina
Ano de lançamento: 2018
Páginas: 272
Sinopse: Caden Bosch está a bordo
de um navio que ruma ao ponto mais remoto da Terra: Challenger Deep, uma
depressão marinha situada a sudoeste da Fossa das Marianas.
Caden Bosch é um aluno brilhante do
ensino médio, cujos amigos estão começando a notar seu comportamento estranho.
Caden Bosch é designado o artista de
plantão do navio, para documentar a viagem com desenhos.
Caden Bosch finge entrar para a
equipe de corrida da escola, mas na verdade passa os dias caminhando
quilômetros, absorto em pensamentos.
Caden Bosch está dividido entre sua
lealdade ao capitão e a tentação de se amotinar.
Caden Bosch está dilacerado.
Caden Bosch está dilacerado.
"Folhas em branco gritam comigo, exigindo serem preenchidas com o lixo do meu cérebro."
O livro é uma imersão na mente humana. Acompanhar Caden e seus pensamentos foi profundo, de uma maneira desesperadora. Para uma escrita nos tocar tanto, é porque o autor fez um valoroso trabalho, tanto de pesquisa quanto de entrega.
Volto a repetir o quanto são
necessárias obras que nos levam ao campo da reflexão. Doenças mentais são
sérias e não podem ser subestimadas e julgadas como fraqueza ou frescura. É
necessário a percepção e o apoio da família e de quem se ama. Acredito que só
de se estar rodeado de pessoas dispostas a ajudar e estender a mão auxilia em
50% do tratamento.
A história se inicia com Caden dentro
do navio com seus colegas tripulantes: temos um capitão, temos um papagaio e
posteriormente vão aparecendo outros personagens no navio, tão intrigantes
quanto. Confesso que me deixou confusa em certos momentos, mas conforme se
desenrola e os capítulos vão se alternando entre Caden estar a bordo do navio e
levando uma vida aparentemente normal, vemos que ele está realmente precisando
de ajuda. E é ai que entendemos que o que acontece internamente é mais profundo
do que podemos julgar.
Durante a trajetória e o caminhar da
história, fiquei impressionada em testemunhar como absolutamente tudo se torna
uma pauta exaustiva na cabeça de Caden. Até a mais simples colocação que seus
familiares fazem o leva a inúmeras histórias, teorias e medos.
Não identificamos em que ponto seus
familiares percebem que existe algo errado, mas para o leitor fica claro desde
o principio. Caden monta uma série de teorias sobre perseguição na escola, anda
por horas a fio e as “vozes” ficam cada vez mais presentes. Quando Caden
descreve suas lembranças passadas, entendemos que os questionamentos e até certa
paranoia estavam ali quase sempre.
O momento de sua internação é para
mim o ponto mais tocante da história. Seus pais, na iniciativa de ajudá-lo, o
levam para uma clínica onde possa receber um tratamento adequado. Entendemos
melhor sua batalha para se livrar do “navio” e ter mais momentos de sobriedade.
O termo “esquizofrenia” só aparece no fim. Por isso o livro é tão tocante.
Acompanhamos uma história de voltas e mais voltas, medos e angustias, sentimos
tudo igualmente com Caden. E só no fim vamos descobrir junto ao personagem seu
problema e torcer na sua luta para continuar vivendo um dia após o outro.
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